Uma série de modificações na arquitetura do prédio principal da fazenda de Santa Cruz, gerando novas formas de uso: Convento na era jesuítica, Palácio Real no tempo de D.João VI, Palácio Imperial com novas reformas no tempo de D. Pedro I e finalmente, no período republicano, com a construção de mais um andar, passou a aquartelar tropas do Exército.
Em 1808 a Corte portuguesa se transfere para o Brasil fugindo da perseguição das tropas de Napoleão que estavam invadindo as nações que não aceitavam cooperar com o grande general francês em seu projeto expansionista. D. João VI escolhe, então, Santa Cruz como o local de descanso e de fuga das atribulações da Corte, no Palácio de São Cristóvão.
As obras de reforma e melhoria do aspecto do antigo Convento jesuítico começam em 1809 e findam e 1811. O Palácio Real de Santa Cruz estava pronto para receber toda a nobreza e convidados. D. João VI e toda a Corte Real frequentavam muito o novo Palácio. O Rei gostava muito de passar temporadas em Santa Cruz. Em 1821 D.João retorna a Portugal e deixa em seu lugar seu filho D. Pedro I que viria a tornar-se imperador do Brasil com a proclamação da Independência ocorrida em 7 de setembro de 1822.
Marco da Fazenda Imperial de Santa Cruz - datado de 1826, estava localizado na antiga Estrada Imperial de Santa Cruz (antigo "Caminho dos Jesuitas", hoje Avenida Cesário de Melo), em frente à entrada do Conjunto São Gemário, sendo removido pelo IPHAN com a colaboração do Batalhão de Engenharia de Combate. Sua importância geodésica se devia à delimitação da Fazenda de Santa Cruz com as terras dos Padres da Ordem do Carmo. Outros marcos foram colocados nessa estrada, como os de número Seis, Nove, Dez e Onze, dois anos após a outorga da Constituição de 1824 (1ª Constituição Brasileira). Há dúvidas sobre a utilidade dos mesmos: delimitadores da área de livre circulação do Imperador sem necessidade de autorização do Parlamento, demarcadores de trechos da Estrada para fins de administração, orientadores para alertar os viajantes sobre a distância relativamente ao Marco Zero (Morro do Castelo) ou ainda, delimitares das terras da Fazenda Santa Cruz.
Acostumado a visitar Santa Cruz, em companhia de seu pai D. João VI, D. Pedro I tornou-se um grande frequentador da Fazenda, agora Imperial. Por ocasião da proclamação da Independência do Brasil, ao retornar de São Paulo comemorou em Santa Cruz , com os membros do seu séquito, o grande ato que tornava o Brasil livre do domínio português, antes de chegar ao Palácio de São Cristóvão. Por muitos e muitos anos D. Pedro I continuou a visitar a Fazenda de Santa Cruz.
Mirante Imperial - usado pelos padres jesuítas como uma atalaia (espécie de observatório), de onde eles fiscalizavam todo o trabalho dos escravos, as terras em sua volta e podiam tomar conhecimento do que ocorria, de 1596 até 1759. Era chamado "Atalaia dos Jesuítas". No Império foi construído um observatório em forma octagonal, que era freqüentemente visitado por D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II. O mirante foi registrado na iconografia daquela época por viajantes estrangeiros que por aqui passaram. Um deles foi o primeiro Embaixador da Bélgica no Brasil, Sr. Benjamim Mary, que desenhou o Mirante com a presença do jovem Imperador D. Pedro II. Também foi fotografado em 1885, durante as manobras militares realizadas sob o comando do Conde D'Eu. Localizado no Morro do Mirante, é o ponto mais alto de Santa Cruz (cerca de 65 m ). No local foi construída, já neste século, uma grande caixa d'água para suprir toda a região (desativada) e um posto de acompanhamento meteorológico que funcionou até os anos 90 e hoje encontra-se abandonado.
Hoje é a Sede do Batalhão-Escola de Engenharia, o Batalhão Villagran Cabrita, criado em 23 de janeiro de 1855. Este batalhão teve intensa participação na Guerra do Paraguai, entre 1865 a 1870, quando seu patrono o tenente coronel Villagran Cabrita acabou sendo alvejado e morto, após uma vitória brilhante sobre o Paraguai na batalha da Ilha da Redenção.
Teve também participação destacada em vários outros episódios da história militar brasileira, como a Revolta da Armada, a Guerra de Canudos, a Segunda Guerra Mundial e também atuação em vários projetos em tempo de paz, como a construção da adutora de Laje, das instalações da Vila Militar, em 1912 e na missão de paz da Organização das Nações Unidas em Angola, entre 1995 e 1997, participando diretamente da reconstrução do país africano.
Fazenda Imperial de Santa Cruz
Praça Ruão, 35, Santa Cruz - Rio de Janeiro
Funcionamento: Atualmente o local não permite visitação interna por motivos de reformas sem previsão de finalizar.
Fonte: VivaTerra / Wikimapia
Nenhum comentário:
Postar um comentário