A cooperação com os países do continente africano trouxe um efeito positivo inesperado para a Fundação Oswaldo Cruz ( Fiocruz ). Além de estabelecer laços nas áreas de educação, pesquisa e saúde, alguns dos pesquisadores brasileiros que participam das missões da Fundação ao continente se apaixonaram pela arte africana e acabaram formando importantes coleções, que estão sendo expostos na mostra O Corpo na Arte Africana.
Corpo e arte
O Corpo na Arte Africana conta com cerca de 140 obras de arte de varias etnias da Africa, incluindo Mali, Congo, Costa do Marfim, Camarões e Nigéria, reunidas pelos pesquisadores Wilson Savino, Wim Degrave, Rodrigo Corrêa de Oliveira e Paulo Sabroza. As obras estão divididas em cinco módulos: “Corpo individual & Corpos múltiplos”; “Sexualidade & Maternidade”; “A modificação e a decoração do corpo”; “O corpo na decoração dos objetos”; e “Máscaras como manifestação cultural”.
Para Luisa Massarani, chefe do Museu da Vida (Rio de Janeiro), a exposição chama a atenção para a colaboração científica entre o Brasil e países africanos. “Mas buscamos contar esta história de uma forma charmosa e inesperada, tendo como ponto de partida a paixão despertada em pesquisadores brasileiros pela arte africana”, disse. “A mensagem subliminar aqui é que ciência e arte caminham juntas”. “Montar a coleção foi um grande prazer e, agora, poder exibi-la e ajudar na valorização da riquíssima arte africana em nosso país é uma oportunidade incrível”, comenta Savino, um dos colecionadores e curador da exposição.
O módulo “Corpo individual & Corpos múltiplos” mostra que muitas vezes uma estátua não representa um homem ou uma mulher, mas um ser humano completo, com uma parte física e uma parte espiritual. As peças de corpos múltiplos simbolizam a complementaridade dos dois gêneros na reprodução dos humanos e também a cooperação nas atividades humanas, como a agricultura, coleta, pesca ou caça.
Fetiche Buti
Pedra / argila / pigmento
17,5 x 4,4 x 8,5 cm
Etnia: Pigmeu Telen - País: Mali
Coleção Wilson Savino
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Topo de cabeça
madeira
33,0 x 18,0 x 18,0 cm
Etnia: Dogon - País: Mali
Coleção Wilson Savino
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Escultura Múltipla
Madeira
42,0 x 11,5 x 15,0 cm
Etnia: Dogon - País: Mali
Coleção Wilson Savino
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Fetiche
nkisi nkondi
Madeira / pregos / fibras vegetais e pigmentos
77,0 cm de altura
Etnia: Kongo -
Países: Angola e República democrática do Congo
Coleção Wilson Savino
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Escultura feminina
Bronze
8,0 x
4,0 x 5,0 cm
Etnia: Dogon - País: Mali
Coleção Wilson Savino
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Escultura feminina
Madeira
13,0 x 9,0 x 7,5 cm
Etnia: Mumuye - País: Nigéria
Coleção
Wilson Savino
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Alto relevo de um Obá ladeado de músicos
Bronze
19,3 x
17,2 x 4,0cm
Etnia: Edo, Yorubá - Países: Nigéria, antigo reino do Benin
Coleção Wilson Savino
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Casal primordial - Mulher
Madeira/ pigmento
125,0 x 23,0 x 23,0cm
Etnia:Baoule - País: Costa do Marfim
Coleção Wilson Savino
Casal primordial - Homem
Madeira/ pigmento
132,0 x 27,0 x 26,0cm
Etnia:Baoule - País: Costa do Marfim
Coleção
Wilson Savino
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Detalhe do casal primordial |
Em “Sexualidade & Maternidade”, as peças indicam que a sexualidade entre os povos africanos é bastante associada à fertilidade, o que explica a presença, em diversas etnias, de esculturas simbolizando o “casal primordial”, que teria dado origem a cada linhagem. Já representações associadas à maternidade, abundantes na arte africana, demonstram a importância da fecundidade para a mulher.
Maternidade
Madeira/ pigmento/ tecido
54,2 x 11,5 x 11,5 cm
Etnia: Bambara - Países: Mali
Coleção Wilson Savino
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Maternidade
Madeira/ pigmento
64 x 25 x 25 cm
Etnia: Senoufo - Países: Costa do Marfim
Coleção Wilson Savino
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Escultura fálica
Argila/ miçanga/pigmento
16 x 15 x 8,5 cm
Etnia: Tikar - Países: República dos Camarões
Coleção Wilson Savino
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Boneca de fertilidade grávida
Madeira/ miçanga/ tecido
38,0 x 9,0 x 15,5 cm
Etnia: Ashanti - Países: Gana e Nigréria
Coleção Wim Degrave
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O continente africano talvez seja o lugar onde o homem mais utilize o corpo como objeto a ser esculpido, submetendo-o a diversas intervenções perenes ou temporárias. É este o tema do módulo “A modificação e a decoração do corpo”. Algumas dessas intervenções corporais funcionam como marcas de pertencimento a uma tribo, a uma classe ou estão ligadas ao status do indivíduo no grupo.
No módulo “O corpo na decoração dos objetos”, é mostrado que representações humanas em desenhos, entalhes e esculturas ornamentam vários objetos e utensílios africanos, como instrumentos musicais, cetros, mobiliário, portas, cachimbos, colheres e recipientes. Além da decoração, estes objetos especiais dão prestígio ao dono e muitas vezes refletem a posição hierárquica que ele ocupa.
Janela de silo
Madeira/ pigmento
54,0 x 39,5 x 7,0cm
Etnia: Dogon - País: Mali
Coleção: Wilson Savino
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Detalhe da Janela de silo |
Relicário
Metal
30 x 10,5 x 6,0cm
Etnia: Kota - País: Gabão
Coleção: Wilson Savino
Relicário
Argila/ Metal
53 x 21,5 x 9,0cm
Etnia: Kota - País: Gabão
Coleção: Wilson Savino
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Harpa de 4 cordas
Madeiro/couro/tecido (fios)
50 x 43 x 21cm
Etnia: Mangbetu - País: República democrática do Congo
Coleção: Wilson Savino
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Colher ceremonial
Madeira
6,5 x 46,5 x 11 cm
Etnia: Dan - País: Costa do marfim
Coleção: Wilson Savino
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O módulo “Máscaras como manifestação cultural” aborda o significado de algumas máscaras, que, ao cobrirem o corpo humano ou uma de suas partes, transformariam aqueles que as vestem na encarnação de divindades ou ancestrais.
Máscara Yuruya
Madeira/pigmento
70,5 x 30,5 x 2,7cm
Etnia: Bwa, Doto - País: Burkina Faso
Coleção: Wilson Savino
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Máscara alada
Madeira/pigmento
29 x 127 x 21cm
Etnia: Bwa/Doto - País: Burkina Faso
Coleção: Wilson Savino
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Máscara da sociedade masculina Nogil
Madeira/pigmento
108,5 x 17 x 10,5cm
Etnia: Fang - País: Gabão e Guiné
Coleção: Wilson Savino
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Máscara Ginjinga ou pota
Madeira/ tecido/fibra vegetal/búzios/pena
50 x 56 x 18cm
Etnia: Pende - País: República democrática do Congo
Coleção: Wim Degrave
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Gisele Catel, historiadora, antropóloga e também curadora da exposição, enaltece a importância e diversidade da arte africana. “Temos objetos de cerca de 50 etnias e cada uma delas é um universo. Como estamos fazendo uma exposição unindo todas elas, optamos pelo diálogo direto da obra de arte com o público. O acervo desta exposição é resultado de milhares de anos de arte. A civilização africana é muito antiga e sua arte é milenar”.
Escultura fálica
Argila/pigmento/miçanga/búzios
18 x 5,5 x 5,5
Etnia: Tikar - País:República dos Camarões
Coleção: Wilson Savino
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Máscara
Madeira/pigmento
7 x 37cm
Etnia: Teke - País: Gabão
Coleção: Wilson Savino
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"Aprender com os “Tesouros da África”
Pente Madeira/pigmento/tecido 62 x 15 x 26cm Etnia: Ashanti - País: Gana e Nigéria Coleçâo: Wim Degrave |
Máscara
Madeira/pigmento
82 x 40 x 26cm
Etnia: Yorubá - País: Benin e Nigéria
Coleção: Rodrigo CorrÊa de Oliveira
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Máscara
Madeira/pigmento
93 x 23,5 x 14cm
Etnia: Mossi - País: Burkina Faso
Coleção: Wilson Savino
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Máscara
Madeira/pigmento
36 x 53 x 11cm
Etnia: Baoule - País: Costa do marfim
Coleção: Wilson Savino
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"Aprender com os “Tesouros da África”
Com o objetivo de provocar reflexões sobre os aspectos artístico-culturais, históricos e sociais representados na exposição e suas influências na cultura brasileira, os visitantes podem explorar a mostra por meio da atividade educativa “Tesouros da África”.
Um convite de imersão ao continente africano é feito logo na entrada da exposição, em que o público localiza os países africanos com a ajuda de um globo terrestre na atividade “Passando a bola”.
Como os objetos da exposição mostram aspectos da organização da cultura desses povos? Após uma visita à exposição, a pergunta provoca os visitantes a discutirem, com o uso de cartões com texto e imagens de pessoas e objetos, sobre a diversidade e identidade nas culturas africanas e sua influência nas culturas ocidentais. Há ainda contação de histórias e lendas sobre cotidiano dos povos africanos e a valorização do respeito à diversidade, direcionada para o público infantil, em “Era uma vez...na África”." - Agenda Petrópolis
Este vídeo contém todas as imagens e textos do catálogo da Exposição "O Corpo na Arte Africana". Uma excelente exposição realizada pela Fiocruz no Palácio do Itaboraí em Petrópolis. Essas informações servem como fonte de conhecimento e reflexão sobre a Cultura Africana. (Dica:Para melhorar a qualidade do vídeo cliquem na opção de configuração no canto inferior direito do player.)
O Corpo na Arte Africana
Exposição gratuita
De 29 de janeiro a final de junho de 2013
Visitação: terça a sábado, das 9h às 16h. Entrada gratuita.
Local: Palácio Itaboraí
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 188 – Valparaíso – Petrópolis
Telefone para informações: (24) 2246-1430 - das 8h às 17h.
Fonte: Museu da Vida / Agenda Petrópolis
muito bom, mas você poderia falar sobre os atributos(objetos) que cada estatueta carrega.
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